METAFORMOSE... PARA QUÊ?
Materesmofo.
Termosfameo.
Tremesfooma.
Amorfotemes.
Efatormesom,
Maefortosem.
Saotermorfem.
Fasotormem
Motormefase.
Narciso.
Termosfameo.
Tremesfooma.
Amorfotemes.
Efatormesom,
Maefortosem.
Saotermorfem.
Fasotormem
Motormefase.
Narciso.
Acontece que um dia houve um poeta, um tal Paulo Leminski. Cachorro louco que deveria ter sido morto a pau e pedra, a fogo, a pique. Não mataram. O filho da puta fez chover em nosso piquenique. O Paulo, que é a prostituta, o junkie, o travesti, a romântica, o homem, a mulher, o anônimo. O deus Dionísio, filho da loucura e da sabedoria. Que é? Lembrar passa. Só esquecer é que é eterno. Que espelho poderia conter o sol? Mito, rito, minto mundos. Eu, Leminski. Enquanto vomito três mil deuses por segundo. Eu, Narciso. Que oráculos leio nesse espelho opaco de peti pavê e luz artificial? A luz é péssima, mal consigo ver no fundo dos meus olhos se moverem formas, sombras dos mortos passando na neblina curitibana. Aqui jaz um artista, mestre em desastres, deus tenha piedade dos meus disfarces. Tenho fome? Tenho sede? Tenho medo. Eu, Hércules, Teseu, Édipo, Centauro. Musa, musa, que não mais se usa. Ninguém virando pedra nos cabelos da medusa. Que é? No fundo da água, no fundo da fonte, no fundo do cálice. Pai, afasta de mim esse cale-se! Zeus me livre desta máscara que me ancora. Eu, Centauro, eu Leminski. Assim pudesse morrer, do rude golpe de me transformar em mim mesmo. Sinto cheiro de buceta, meio rosa, meio peixe. Que deus tira o outro deus do lugar de deus? Que eu afogue as minhas mágoas nesta fonte. Que eu esqueça todos os mitos, todas as poesias, todas as ruas, todas as lembranças, que eu esqueça eu mesmo, inclusive eu mesmo. Que lenda é aquela, ali no fundo? Heróis encaram monstros. Que monstro enfrento? Não sou, por acaso filho de um rio e de uma ninfa das águas? Eu, Narciso? O mais horrendo dos monstros, filho do susto e do desassossego? A alma atravessada por uma sombra. Eu, eu, eu. Cai a noite das noites, a noite de dentro da noite de dentro da noite, a noite que só se transforma em si mesma. Eu, Narciso, prostituta, travesti, romântica, junkie, mulher, homem e anônimo. Morreu um deus, morrem todos. Eu, começo da peça, ereto e forte. Fim da peça, filho do esquecimento e da fraqueza. Lembrar passa, só o esquecimento é eterno. Uma luz fraca me atravessa. Ouço, ouço longe, muito longe, a voz do eco que me chama, mas já não tenho um nome para ser chamado. Essa minha secura, essa falta de sentimento, não tem ninguém que segure, vem de dentro. Memória, também é um deus? Nem me lembro mais. Amanhã, Narciso é um outro dia. Que deuses me tomam como matéria-prima? Em que fábula me transformo?Assim seja, estava escrito, amém.
É o teatro, gente louca de poesia!
É o teatro, gente louca de poesia!
“Metaformose – Reflexões de Um Herói Que Não Quer Virar Pedra” – Grupo Delírio Cia. De Teatro. Tudo por Dionísio!
Escrito por Edson Bueno às 09h06
Nenhum comentário:
Postar um comentário