No espetáculo Ouoqqiserdes, em cartaz no Teatro da Caixa, o diretor Mauro Zanatta, da Cia. do Ator Cômico, adapta a comédia Noite de Reis
Máscaras inteiras recobrem os rostos dos atores de Ouoqqiserdes, na adaptação feita pelo diretor Mauro Zanatta da peça Noite de Reis, de William Shakespeare. Como antes em Contas Diárias, montagem da Cia. do Ator Cômico que agrupava três cenas curtas, as máscaras redefinem a maneira como o elenco se expressa. Sem poder falar nem transmitir emoções pelas expressões faciais, o trabalho físico ganha importância redobrada no espetáculo apresentado este fim de semana no Teatro da Caixa.
Se, por um lado, trazem limitações, as máscaras têm também suas vantagens. “Acrescentam um roteiro que é fácil de ser acompanhado”, resume Zanatta. “Com as máscaras se consegue uma condensação das cenas e ações, de maneira que a linguagem fica muito universal. Tem uma certa simplificação, mas de maneira fisicamente poética.”
A música ganha relevo nesse contexto, com a entrada em cena de três músicos tocando ao vivo, como condutores dos acontecimentos.
O texto de Ouqqserdes foi escolhido por um critério simples: Zanatta queria um grande autor. “Íamos por Romeu e Julieta, que teria um roteiro com mais ações para traduzir para a máscara. Mas optamos por Noite de Reis pelo desafio de linguagem. Foi um trabalho muito agradável e rico”, diz o diretor.
A comédia se passa no reino de Illrya. Apresenta uma série de desencontros amorosos a partir da chegada de Viola, uma jovem náufraga que, acreditando ter seu irmão gêmeo morrido, se faz passar por homem. Ela se torna mensageira do duque Orsino nas cartas que escreve à amada Lady Olívia, e acaba apaixonada.
Para representar os desdobramentos, o elenco vem sendo treinado há dois meses e meio.
Enquanto isso, Zanatta se encarregou pessoalmente da construção das máscaras em argila e papel, a partir da imagem inconsciente que tinha de cada personagem. Trabalhou no desenho das 14 máscaras (vestidas por seis atores), o que lhe tomou cerca de duas semanas para terminar cada uma.
Enquanto isso, Zanatta se encarregou pessoalmente da construção das máscaras em argila e papel, a partir da imagem inconsciente que tinha de cada personagem. Trabalhou no desenho das 14 máscaras (vestidas por seis atores), o que lhe tomou cerca de duas semanas para terminar cada uma.
O novo espetáculo é, para Zanatta, um passo à frente em comparação a Contas Diárias, sobretudo técnico. “O grande avanço para mim, como diretor, é compreender melhor a precisão necessária às máscaras”, diz.
“Tem uma sutileza que os atores estão começando a descobrir: o fato de ir eliminando cada vez mais códigos de facilitação da mímica, e fazer com o que a atitude física e a respiração avance, para entrar na estranheza da máscara, deixando o movimento humano de lado.” Essa é a essência, afinal, da linguagem escolhida.
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