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terça-feira, 30 de março de 2010
FESTIVAL DE CURITIBA: O FRINGE PRECISA MELHOR QUALIFICAÇÃO!!!
Cabeças para pensar o Fringe
O ineditismo de ter algumas cabeças pensando o Fringe permite vislumbrar o que a mostra paralela pode se tornar, mas ainda não é. No início do ano, cogitava-se ter, além de Chico Pelúcio e Beto Andretta, também os diretores Paulo de Moraes (do Armazém) e Enrique Diaz (da Cia. dos Atores) como programadores de salas teatrais. É uma perspectiva a ser mantida e ampliada, de modo inclusive a que se possa cobrar desses curadores uma linha de pensamento sobre teatro, como se cobra dos responsáveis pela Mostra Contemporânea.
Não foi um ano de grandes surpresas na mostra paralela, porém a seleção prévia garantiu uma cota de bons espetáculos superior à que se via nas últimas edições: A Noite dos Palhaços Mudos, no Cleon Jacques. Cachorro! e Não sobre o Amor, no reaberto Teatro HSBC. De Como Fiquei Bruta Flor, no Novelas Curitibanas. Todos esses, trabalhos de grupos já consolidados.
Se uma “revelação” pode ser apontada é o grupo Quatroloscinco, de Belo Horizonte, com o espetáculo É Só uma Formalidade. Ganhou público dia-a-dia no Mini-Guaíra, estabelecendo uma relação cúmplice com a plateia, numa montagem inventiva na estrutura (rounds de um combate) e no recurso às metáforas para revistar o fracasso das relações sentimentais, trocando o sentimentalismo pela sutileza até no uso da ironia. A peça já veio reconhecida da capital mineira. Curitiba se tornou sua primeira vitrine fora de casa, e, espera-se, há de catapultá-la para outros festivais e palcos do país.
Fora das salas programadas, o Fringe se estende como uma vasta mostra da produção curitibana, portanto, sujeita aos altos e baixos das companhias locais. O Teuni concentrou alguns bons espetáculos da temporada passada, com destaque para o solo The Cachorro Manco Show, grande momento do ator Leandro Daniel Colombo. No TUC, a reunião de companhias iniciantes resultou em uma programação de qualidade irregular.
O excesso de oferta – ou “excesso de democracia”, como se responde nos bastidores à concepção de que o Fringe seja um espaço democrático aberto a qualquer um – se traduziu em falta de público até para comédias comerciais.
É bater na mesma tecla, mas como evitar? Espectadores que caem em montagens precárias ano a ano desistem do Fringe. O investimento crescente em programadores e a cobrança do registro profissional, para afastar amadorismos, se impõem urgentes.
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