sexta-feira, 11 de março de 2011

BANDA DE UMUARAMA FAZ SUCESSO NO BRASIL!!!


Umuarama tem rock na veia
Nevilton ultrapassa limites da internet e se torna conhecida em festivais, mídia especializada e até na tevê aberta

Publicado em 08/03/2011 | Tatiane Salvatico, da Gazeta Maringá

Três caras, a paixão pelo rock e a vontade de ter uma banda. Essa combinação pode ser encontrada muitas vezes mundo afora. Mas a Nevilton é mais do que isso. É o “fino rock presidencial”, uma alusão etílica (mais especificamente, ao Conhaque Presidente) que combina muito bem com a música viciante produzida pela banda do interior do Paraná.

O trio é formado por Nevilton de Alencar Junior, guitarra e voz, de 24 anos, Tiago “Lobão” Inforzato, baixo e backing vocals, de 30 anos, e Éder Chapolla, bateria e backing vocals, de 26 anos. A banda de Umuarama, no noroeste do estado, está ganhando os palcos e fãs em todo o Brasil.

Início

“Sombrero” e água fresca

Os primeiros ensaios da Nevilton eram nos fundos da papelaria da família de Nevilton, na Avenida Paraná, região central de Umuarama. O local foi batizado carinhosamente de “Sombrero”. O nome foi escolhido por se tratar de um “estúdio móvel”. “Levamos nossos equipamentos para onde queremos. É como um sombrero, útil que só”, explica o bem-humorado Nevilton.

“Nos fins de semana rolava uma competição sonora com o bar do lado que tocava sertanejo”, conta Lobão. Mas a disputa com o gênero mais famoso do interior não se restringia apenas ao espaço sonoro. Lobão explica que, para tocar, a Nevilton também precisava produzir as festas. “Aqui não tinha um espaço específico pra gente. Além disso, no interior sempre existe uma galera carente de boas opções. Então, a gente tocava, trazia as bandas, alugava a chácara e comprava a cerveja.”

Segredo

Web foi o trampolim para o sucesso

A música produzida nos fundos da papelaria do pai de Nevilton começou a ganhar destaque graças à divulgação nas redes sociais. O baixista Lobão acredita que MySpace, TramaVirtual, Orkut, blogs e, posteriormente, Facebook, foram muito importantes para o crescimento da banda.

A partir de 2009, as gravações se tornaram mais profissionais. Em março daquele ano, a banda, ainda com a formação original, foi para São Paulo gravar as faixas “Pressuposto” e “Vitorioso Adormecido” no YB Studios. A mixagem foi feita por Tomás Magno.

Para terminar a gravação do EP Pressuposto, as gravações ocorreram no “Sombrero”, em Umuarama. “O Morno”, “Do que Não Deu Certo” e “Singela” foram registradas dois dias depois de o baterista Chapolla entrar na banda. O processo foi rápido: um dia de ensaio e, em seguida, dois dias de gravação.

As gravações na sala de ensaio irão integrar o CD De Verdade, que deve ser lançado ainda este ano. Serão 14 músicas, incluindo as já divulgadas no Pressuposto.

Com o compacto gravado, a banda ganhou a atenção da Agência Fora do Eixo (que auxilia outras 14 bandas autogestoras, entre elas Do Amor e Macaco Bong) e Compacto REC (site que divulga álbuns virtuais de bandas brasileiras independentes).

A Fora do Eixo foi a responsável pela lançamento virtual do EP Pressuposto, em fevereiro de 2010. Somente no primeiro mês, o EP teve mais de mil acessos. Em abril, a agência organizou a turnê Nordeste, em que a Nevilton, junto com outras bandas independentes, passou pelas principais capitais da região, além de Belo Horizonte, em Minas Gerais. Durante a turnê, o EP já era físico e foi vendido e distribuído durante os shows.

“A Fora do Eixo é um aprendizado. A galera da organização, divulgação, bandas, todo mundo troca informações e aprende com o outro”, conta Lobão. Apesar de se tornarem conhecidos na internet, eles negam qualquer estereótipo. “A gente nem usa pulôver”, brinca o tímido Chapolla, em referência ao look adotado pelas bandas indies do hemisfério norte, como The Strokes e Interpol.

Mudança

Em breve, a Nevilton deve fixar residência em São Paulo, já que, segundo a banda, é lá onde tudo acontece. “Agora estamos em um limbo entre as turnês. Então, vamos aproveitar alguns dias em Umuarama”, conta Lobão. Neste período, a banda deve se dedicar aos ensaios para os próximos shows. A sala de ensaios, nos fundos da nova papelaria da família de Nevilton, ganhou reforço: uma bateria novinha comprada durante esta entrevista.

Em janeiro, o trio passou uma temporada na capital paulista, na casa de amigos e parentes. “Por enquanto vivemos para a música. Ainda não dá pra viver da música”, justifica Nevilton.

Desde sua formação, em 2007, a banda já tocou em todas as regiões brasileiras. Participou dos principais festivais do país, como Abril pro Rock, em Recife; Conexão Vivo, em Belo Horizonte, Oi Novo Som, em Curitiba; Calango, em Cuiabá; Festival do Sol, em Natal; PMW Rock Festival, em Palmas, no Tocantins, e Demo Sul, em Londrina. Mas a abertura do show do Green Day, em outubro de 2010, foi a apresentação que rendeu mais repercussão à Nevilton. “Participamos de um concurso da MTV em que concorremos com mais de 700 bandas. A última etapa era um show no Inferno Club, em Sampa. Lá, um júri de pessoas ligadas à música nos elegeu e, por isso, abrimos o show do Green Day”, conta o vocalista.

Lobão acredita que a abertura do show da banda americana foi importante para que a Nevilton se tornasse conhecida por um número maior de pessoas. Desde o ano passado, o clipe de “O Morno”, um registro on the road da banda, aparece constantemente na programação da MTV Brasil. Além disso, o EP Pressuposto foi eleito o 4.º melhor disco de 2010, pela revista Rolling Stone, uma das publicações musicais mais respeitadas do país. Para o vocalista, o reconhecimento é a uma evolução do trabalho da Nevilton. “É muito bom saber que estamos entre as bandas que representam o Paraná. Ficamos muito felizes.”

Los Angeles

Nevilton e Lobão se conheceram tocando em bares de Umuarama. Mas a história da banda começa em 2006, quando o vocalista e Tiago Lobão resolveram morar em Los Angeles, na Califórnia. Na época, Nevilton cursava o penúltimo semestre do curso de Letras, na Universidade Estadual de Maringá (UEM), e o baixista trabalhava como bancário em Umuarama. “Eu quase morria. O que ajudava é que nessa época a gente fazia parte da Superlego, uma banda de covers, e eu também tocava com uma banda de rock dos anos 1970. Largamos tudo e fomos para Los Angeles”, lembra o baixista.

“A gente foi pra lá para aprimorar o inglês, porque era a terra do Guns N’ Roses e porque Los Angeles é Los Angeles”, resume Nevilton. Durante a fase embrionária da banda os dois trabalharam como apoio de grandes shows como Supreme, Steve Wonder e do próprio Guns N´ Roses. Além disso, a dupla tocava música brasileira em bares famosos, entre eles um de propriedade do ícone do blues B.B King.

O choque cultural foi importante para a profissionalização da Nevilton. “A gente sabia que lá acontecia alguma coisa diferente, mas ainda não sabia o quê. Vimos que tudo funciona como uma indústria, que é preciso pensar na música como produto. Mas é claro que não podemos deixar a arte de lado. Não faria sentido”, justifica Lobão.

No ano seguinte a dupla voltou para o Brasil. Nevilton chegou em abril, e começou a organizar a banda. Quando o baixista voltou, as coisas já estavam encaminhadas. No dia 30 de junho de 2007, Nevilton, Tiago Lobão e Fernando Livoni (baterista original) fizeram a primeira apresentação da Nevilton, na festa de 15 anos da irmã do vocalista.

Mais tarde, a experiência em LA virou uma música, apresentada durante o Femup (Festival de Música e Poesia de Paranavaí). A música “Conto até pro Belchior” falava sobre a vida de Nevilton e Lobão na Califórnia. “A gente viveu tanta coisa legal por lá que pensamos: pô, isso eu conto até pro Belchior”, explica Nevilton. O músico carioca é um dos ídolos do vocalista, que o considera “instrumentalmente muito fino”.

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