sábado, 19 de março de 2011

A INDIGNAÇÃO DE ARTISTAS COM A "VIRADA" DA JUDETE!!!


Virada ou Furada Cultural?

Estava matutando sobre a tal Virada Cultural aqui de Cascavel, e fui saber que o ‘Virada Cultural’ começou em 2005, realizado e patrocinado pela prefeitura de São Paulo, inspirado nas “Nuit Blanche”, eventos em Paris com diversas atrações artísticas madruga adentro. Mais ao Paraná, em Curitiba, tambem houve a Virada. E até que virou bem. A vereadora Renata Bueno destinou verba de R$ 450 mil, do seu orçamento anual, para a realização do projeto. O vereador Caique Ferrante contribuiu com R$ 50 mil. O Fundo Municipal de Cultura e outros apoiadores complementaram o orçamento, previsto em R$ 1,25 milhão. E o povo ficou mais faceiro que mosca em tampa de xarope.

Mais pertinho um pouco, na nossa cidade-irmã Toledo, a virada ainda não virou em nada, ou pelo menos não aconteceu porque, diz o causo, a classe artística recusou-se a posar de relógio, trabalhando de graça. O mais surpreende e que acabou virando uma lenda urbana, é a historia de que só alguns ganhariam pra trabalhar e como não havia dimdim pra pagar a todos, então Todos os artistas optaram pela não participação. !. Muito digno se for verdade! Alguém poderia confirmar causo?

Bandeando as lentes para Cascavel, vemos que nesta querência o problema já começa com o cultivo de um desprezo pelas entidades e artistas. Por exemplo, 80 % da verba destinada para as entidades anualmente, que já é mais curta que coice de porco, será repassada exclusivamente para UMA entidade, pelo segundo ano, enquanto as outras continuam esgualepadas (aprovação da Câmara do projeto enviado pelo Municipal foi neste terça, dia 15-03-2011). São 20 mil mangos, que poderiam ajudar diversas entidades. O nome disso, pra mim, é: desprezo, pois qualquer um sabe que isso aqui é formado tanto por italianos, alemães, poloneses, como negros (pasmem! temos negros aqui!), como ucranianos, japoneses, etc. Sem falar em associações culturais, grupos folclóricos, grupos de teatro, de hip-hop, cinema, musica, literatura, artistas plásticos! Entregar a migalha do apoio a apenas uma entidade é no mínimo esnobar da cara de todo o resto da população e dizer: a prefeitura tem Sectaria de Cultura!

Claro que isso não é ‘culpa’ da referida entidade, do seu Centro de Tradições, a qual todos reconhecemos a importância e respeitamos, sem entreveros! É por bairrismo político, coisa de quem ta mais perdido que sapo em cancha de bocha. É pouca a verba, mas quem tenta fazer arte Aqui sabe que qualquer ‘cenhão’ é importante.

Mas, mesmo diante desse banzé, ainda assim houve por parte da Secretaria de Cultura a coragem (?) de convidar os artistas para se apresentarem gratuitamente na tal Virada Cultural. Cuê-pucha, barbaridade! Isso, como diria meu pai, gaúcho, é muita falta de laço!(entendam metaforicamente ok?). Ou, como eu mesmo diria: é muito brochante! Santa Barukita! É de salta butiá do bolso!

Outra característica da Virada à Brasileira é que o evento é realizado em locais menos favorecidos pelo acesso aos bens culturais (ou seja, realizar virada no centro cultural e barzinho também não vira em nada!). É que nem tosa de porco: muito grito e pouca lã!

A virada cultural de guapo só vai acontecer de fato em Cascavel quando:

- as pessoas (principalmente quem assume a pasta de Cultura) entenderem que artista vive de comer e trabalha para viver, quem faz caridade é outra categoria;

- for efetivado um Sistema Municipal de Cultura, pelo qual temos pelejado apesar da indiferença de vereadores que até hoje não responderam à Comissão Pública Pelo Sistema de Cultura; como pelo poder público municipal, que caminha a passos de lesma morta na concretização das políticas culturais.

- a Secretaria de Cultura chamar as entidades e grupos culturais na chincha, abrir um edital e democraticamente repartir a migalha.

Enquanto isso não acontecer, qualquer dessas açõezinhas só vai ser mais uma Furada Cultural, firme que nem prego em polenta. O que não é engraçado é quando voltamos para nossas casas (artistas e produtores), colocamos a cabeça no travesseiro e ficamos a assuntar: o que é que eu ainda to fazendo aqui? Oh mondongo duro de pelar! A gente cansa de gastar pólvora em chimango.

Mas quer saber o que? Ainda assim eu vou participar da “virada”, virado no que é aquilo. Mas em protesto. Porque depois desse baita tapa, amigos, só nos resta fazer como Cristo e oferecer a outra face. E apesar de eu achar isso meio sádico, também tem a perspectiva da capacidade de se manter digno, honesto e, sobretudo mais resistente ante tanta falta de… cultura(?).Vamos aguentar o repuxo e vamos despacito! Sou dente seco!

Contudo, como não sou guaipeca nem gaudério, quero reconhecer o mérito da lei que isenta os artistas locais de taxas de utilização dos espaços como Centro Cultural, que não foi iniciativa da Secretaria de Cultura! Muito embora haja falhas na lei, como não definir o número de isenções. Afinal, se a prefeitura dá terreno e isenções pra empresário, por longo tempo, porque pra poucos artistas seria diferente? Fora que nos esquecemos que na nossa Constituição a Cultura é tão direito público e gratuito quanto a Saúde ou Educação. Logo, concluímos que essa isenção nada mais é que um direito, portanto, tudo isento para artistas locais! É o mínimo do mínimo. E já vou me indo que esse texto já ficou mais comprido que cuspe de bêbado! Cuê-pucha! Não se assustemo, que no perigo a bala vem nos se abaixemo!

Jeferson Kaibers

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