sábado, 20 de março de 2010

PARLAPATÕES É A ATRAÇÃO DO FESTIVAL DE CURITIBA!!!


Parlapatões tira padres e freiras do armário em "O Papa e a Bruxa"

Com texto do dramaturgo italiano Dario Fo (Nobel de Literatura de 97) e interpretação dos Parlapatões, a comédia O Papa e a Bruxa (confira o serviço), com última apresentação neste sábado (20) no Festival de Curitiba, é tão engraçada quanto ácida. Com ótimas tiradas, brinca e questiona o poder da Igreja e a manipulação que ela pode fazer usando a fé das pessoas. As flechadas são certeiras: discute o veto à camisinha, a liberalização das drogas, o cebilato, o aborto e a disseminação da aids.

A trama começa com o Papa no Vaticano sofrendo de um problema de coluna que o faz caminhar torto. Seu médico chega para tentar aplacar sua dor e confusão mental. O doutor, porém, não dá conta da tarefa e uma freira se oferece para ajudar. O Papa percebe que a freira tem poderes especiais e, depois de uma série de peripécias, constata que ela é uma curandeira que viveu na África. Ele, descontrolado, estressado e nervosiiiiinho – como se define às gargalhadas da plateia - a expulsa do Vaticano. Tempos depois, a crise de dor só aumenta e o Papa, à paisana, resolve procurar a freira/bruxa para solucionar seu problema.

A encenação é repleta de improvisos e comunicação direta com a platéia - característica dos Parlapatões. O cenário reproduz as ante-salas do Vaticano. Você terá a sensação de que está enxergando como se manifesta o poder dentro da sede da Igreja. Um grande painel representa a Capela Sistina de Michelangelo. A voz de Deus em off é de Antonio Fagundes.

Os questionamentos sobre as ações do Vaticano e da Igreja Católica acontecem durante todo o espetáculo. Preparem-se. Não falta cara de pau ao Sumo Pontífice incorporado pelo comediante Hugo Possolo, também responsável pela direção e adaptação do espetáculo, ao fazer sátiras cortantes sobre os poderosos da Igreja. O texto, aliás, está na medida certa para a realidade brasileira.

Em uma passagem, enquanto ensaia as respostas que dará aos jornalistas de plantão, o pontífice explica que Igreja Católica é contra as pesquisas com células-tronco embrionárias porque "depende dos aleijados para a manutenção das suas caixinhas". Já sobre o veto à camisinha e demais contraceptivos, faz a Igreja reconhecer que o sexo não serve apenas para multiplicar o rebanho de Deus. Para eles, "o celibato cansa de fato".

Sem sombra de dúvida, o espetáculo e precisamente o Papa de Hugo Possolo é uma grande piada. Debocha o tempo todo de uma organização que está por trás de uma etiqueta humanitária. Um Papa doidão faz uma provocação aos nossos valores e bom senso. Ele pergunta: Quem está ganhando com as nossas religiões? "O Papa e a Bruxa" é a prova de que comédia pode ser séria. Aleluia!

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