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domingo, 25 de abril de 2010
EDSON BUENO DIVAGA: TEATRO E CINEMA!!!
PARA SEMPRE NA MEMÓRIA
quase...
Na falta do que pensar, penso no passado. Ou melhor, no que ficou do passado. Qual o assunto? Cinema, oras! É que fazer teatro é um exercício de desprendimento e talvez por isso grande parte dos artistas de teatro seja tão volúvel. Nada de uma encenação fica para a história, apenas algumas raras lembranças que vão se apagando com o tempo e as testemunhas. Uma fotinha ou outra, uma gravação em plano geral que não é nem um respiro do que foi o espetáculo. “... no vento...” como disse Peter Brook. Mas cinema é diferente e já foi mais. Alguns cineastas conseguiram num susto ou num intervalo de respiração, eternizar um plano que vira ícone. É cada vez mais raro porque cinema também está virando uma experiência fugaz e o exercício da edição frenética não deixa muito espaço para o prazer da invenção, da fotografia. Se você pensar, por exemplo, dois filmes comentadíssimos desse ano: “Avatar” e “Guerra ao Terror”, shows de imagens, mas qual plano ficará para a história? Nenhum. A memória trai, mas Sam Raimi com seu primeiro “Spider Man” quase conseguiu eternizar um deles: aquele em que Kirsten Dunst (Mary Jane) beija, na chuva, e de ponta cabeça, um Spider Man (Tobey McGuire) explodindo romance. Por que não ficou, mas quase? Segredos midiáticos. Cinema era mais pra sempre do que é hoje. Aliás, hoje, o que é pra sempre? Ou, pelo menos, o que a gente acha (como achava) que é (era) pra sempre? Porque pra sempre mesmo nada, nunca foi. Era? Rs. Mas então? Ah, sim. Resolvi rever, na memória e nos arquivos alguns planos que ficaram “pra sempre”. E, na falta do que fazer vou postando dia a dia, alguns deles, que cineastas maravilhosos deixaram para o tempo. Quem esquece Father Merrin (Max Von Sidow) chegando no portão da casa tomada pelo demônio no corpo de Regan (Linda Blair), em “The Exorcist”? A nostalgia é um exercício de vida ou de morte? O passado é o ego, como disse Osho. O presente é a vida de verdade. O futuro só uma possibilidade. Ontem fui assistir com o Abner (curioso pra saber o que ele acharia!) pela segunda vez “O Segredo dos Seus Olhos” o filme do Juan José Campanella que vai ficando melhor e melhor a cada lembrança. Quando a juíza Irene (Soledad Villamil) lê o “romance” de Benjamin Espósito (Ricardo Darin) e reconhece a cena em que se despediram na estação, ela comenta sobre o melodrama explícito da corrida atrás do trem em movimento, das mãos se encontrando no vidro da janela, dos olhos marejados e dos olhares. Ele pergunta: “Mas não foi assim?” E ela responde: “Se foi, por que você não fez nada?” Talvez ele respondesse “Porque aí não seria cinema, seria a vida real, e nós estamos num filme.” Não seria uma bela resposta? Mas aí também seria outro filme, talvez pior.
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