Descalça, Ana Botafogo fala em despedida
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ADRIANA PAVLOVA
colaboração para a Folha
A bailarina que é símbolo da dança clássica no Brasil diz que seu tempo está terminando. Com 35 anos de carreira (29 dedicados ao balé do Teatro Municipal do Rio), Ana Botafogo ainda não marcou a despedida dos palcos, mas fala em aposentadoria. Por isso, diz querer se aventurar em novos terrenos.
É uma Botafogo diferente, de cabelos soltos e pés descalços, a que pode ser vista no Centro Cultural Correios, no Rio. Ela é a estrela de "Uma em Quatro", do grupo DC, no qual divide a cena com Bettina Dalcanale, Laura Prochet, Monica Barbosa e Priscilla Mota, numa homenagem à figura da bailarina.
"Danço de um jeito que o público nunca me viu. Leve, solta, livre. A inspiração são os movimentos de Isadora Duncan [norte-americana ícone do modernismo na dança]."
"Uma em Quatro" é o primeiro projeto dela em um ano cheio de espetáculos e certezas. Uma delas é a de que não dançará mais alguns papéis que a tornaram famosa, como "Coppélia" e "O Quebra-Nozes".
"Chegou a hora de ceder meu lugar, não tenho mais a acrescentar a esses balés. Estou em busca de personagens mais maduras, como 'A Megera Domada' e 'A Dama das Camélias'", diz ela, que não revela a idade.
Neste ano, Botafogo quer continuar viajando com dois espetáculos criados com a pianista Lilian Barretto, com o show com Carlinhos de Jesus e ainda planeja criar outro trabalho clássico. Em julho dançará um "pas-de-deux" inédito do americano David Parsons.
Sobre o adeus às sapatilhas, afirma: "Já dancei mais do que imaginava, nunca achei que teria uma carreira tão longa. Minha despedida está cada vez mais próxima. Só não será este ano pois ainda pretendo viajar pelo Brasil dançando".
UMA EM QUATRO
Quando: de quinta a domingo, às 19h; até 18/4
Onde: Centro Cultural Correios
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