sexta-feira, 26 de junho de 2009

HIEROFÂNICO E SEU "JÓ" - SEGUNDO LUIZ VARINI.


XXI FESTIVAL DE TEATRO DE CASCAVEL
ANÁLISE
GRUPO: Hierofânico - Unipar
ESPETÁCULO: Jó, da agonia ao êxtase.
DIREÇÃO: Léo Bispo

O grupo propõe uma montagem épica bíblica através da passagem de Jó, até aí tudo bem, vale como proposta, ou idéia de se montar um trabalho, porém o problema reside justamente na falta de domínio das técnicas teatrais que viabilizem a execução cênica referente àquilo que se quer. Linguagem rebuscada com elementos realistas que se confrontam com elementos simbolistas e alegóricos, criando-se assim uma grande confusão de linguagem cênica ou artística que se revela em longas cenas com soluções difíceis de digerir. A peça se torna amarrada, arrastada e tecnicamente com problemas de ambientação de espaço a ponto de não localizar ao espectador os ambientes externos ou internos da montagem que é ainda mais prejudicado cenograficamente pelo painel meramente ilustrativo ao fundo do palco. A montagem é cheia de clichês entre cores, figurinos, sons e interpretações, próprios, infelizmente, de quem ainda não domina a arte do teatro. Há de se destacar o figurino que nos mostra uma preocupação e um cuidado com os elementos visuais de composição, mas não é só isso, dentro das vestes precisa existir um corpo vivo, pulsante, presente e verdadeiro, que nos convença e nos faça iludir com a história, pois é essa a proposta do diretor Léo Bispo, professor do curso de História da Unipar/Cascavel, cuidar com esmero dos detalhes para atingir a ilusão da verdade, infelizmente fica somente na proposta. Observamos inúmeras cenas de fundo de palco o que dificultava o entendimento do que era falado, isso atribuído a má operação do som e idem à iluminação causava uma seqüência de ruídos cênicos que atrapalhavam, e muito, o fluxo narrativo da história. Saber escolher o que apresentar, não se deixar levar ao extremo por vontades pessoais, se colocar no lugar da platéia e verificar o que funciona e o que é demasiado, isso esperamos que o diretor tenha condições e que possa solucionar neste ou em outros trabalhos que virão. Destaque para a atriz Caroline Pinnow que, quando exigida, em uma cena emocionalmente forte, deu conta do recado com muita maestria, cabe ao diretor encontrar e valorizar os talentos que possui em mãos e que não são poucos. Teatro é essência e nos cabe saber escolher o que há de primordial para contar uma história e sem dó desprezar as inutilidades. É isso!

Luiz Varini

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