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quarta-feira, 8 de julho de 2009
ARRABAL X VARINI EM PIQUENIQUE NO FRONT!!!
II FICA – FESTIVAL INTERNACIONAL DE CASCAVEL
23º FESTIVAL DE TEATRO
ANÁLISE
PEÇA: Piquenique no Front
GRUPO: Cia. Mamborê de Teatro
CIDADE: Mamborê
TEXTO: Fernando Arrabal
DIREÇÃO: Carlos Soares
É sempre importante ver novos grupos encenando verdadeiros clássicos da dramaturgia mundial, principalmente clássicos que marcaram época pela sua importância de gênero e que reflete, mesmo através dos tempos, os questionamentos atuais, com propriedade e sensibilidade para rever o homem e o mundo que o cerca. É o que acontece com o texto encenado pela Cia. Mamborê, que traz um Arrabal com uma visão particular do grupo e seu diretor Carlos Soares, porém com as intencionalidades propostas pelo autor e os seus questionamentos cívicos, políticos e ditatoriais que permeiam o absurdo da existência humana e as suas armadilhas socais de convívio entre as lutas de classes e seus poderes dominantes.
O grupo propõe a localização e ambientação das ações no interior do Paraná, isso demonstrado pelo jeito simples das personagens em composições com referências à cultura caipira, abordado principalmente no jeito e no sotaque, que a principio causa certa estranheza na narrativa, com ruídos fonéticos que não condizem com ações propostas, mas que ao longo da montagem é superado. O desenho cênico com suas marcações demonstra domínio ao se contar a história e isso é valorizado principalmente pela iluminação bem cuidada e que nos transmite, através de estímulos visuais, o elemento narrativo necessário, afinal nos dá a ambientação e não simplesmente o espaço. Há de se destacar também a pesquisa da sonoplastia que às vezes nos remete às trincheiras e às vezes nos alivia com suas modinhas, fazendo o contraponto, a contradição necessária entre a vida simples no campo de cultivo de alimentos e vida no campo de cultivo de guerras, sendo um elemento essencial para a fluência da narrativa. Figurinos e Cenário bem cuidados, pensados e elaborados com esmero, somente há a necessidade de cuidar com mais detalhes de alguns elementos: as armas dos soldados extremamente novas, as roupas e adereços dos enfermeiros não condizentes com a época, proposta principalmente evidenciada pela máquina fotográfica e, é claro, uma jarra de água idem, são detalhes que demonstram o cuidado primoroso na elaboração e produção de qualquer espetáculo. Quanto à interpretação dos atores, em alguns momentos demonstraram certa insegurança em ir além, em se desafiar mais, em se jogar de corpo e alma na proposta, presos à marcação e ao texto não deixando fluir consistentemente as personagens. Enfim, um espetáculo agradável, que crescerá com o tempo e número de apresentações.
LUIZ VARINI
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