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domingo, 12 de julho de 2009
HIEROFÂNICOS, MACHADO DE ASSIS E LUIZ VARINI...
II FICA – FESTIVAL INTERNACIONAL DE CASCAVEL
23º FESTIVAL DE TEATRO
ANÁLISE
PEÇA: Memórias Póstumas
GRUPO: Hierofânicos - Unipar
CIDADE: Cascavel
TEXTO: Machado de Assis
ADAPTAÇÃO: O Grupo
DIREÇÃO: Leodefane Bispo
É sempre interessante observar o passeio e as incursões, entre as linguagens artísticas, do Teatro para o Cinema, da Poesia para o Vídeo, do Romance para o Teatro e Cinema, obras plásticas com referências a grandes escritores, vida e obra, entre outros, porém não é uma missão muito simples e fácil, afinal chegar à essência proposta pelo autor original demanda muita dedicação e na maioria das vezes anos de esmero e preparo para se chegar ao objetivo proposto, afinal com linguagens tão distantes, tão díspares, qual o melhor caminho para não macular uma obra e seu autor? Por isso a iniciativa do grupo em adaptar uma obra literária de grande expressão, como é o caso de “Memórias Póstumas de Brás Cubas” de Machado de Assis, já merece, no mínimo, um grande voto de louvor pela iniciativa. O grupo, a princípio demonstra conhecer muito bem o terreno que está pisando, isso fica claro com a construção do desenho cênico muito bem pensado, elaborado e distribuído pelo palco, criando a ambientação necessária através da iluminação, cenário, figurinos e a sonoplastia incidental, porém com o desenrolar da narrativa, o espetáculo teatral cai na armadilha de se tornar um tanto quanto literário, devido às fortes amarras de seu original. Destacamos a presença cênica da atriz Theives da Silva Andrade que se mostrou extremamente segura e precisa em sua concepção, voz de um timbre forte e agradável, domínio de suas ações físicas com nuances corporais muito bem identificadas com a proposta da personagem, nos presenteando com uma belíssima presença cênica. Quanto aos atores, há de se rever com certa urgência o uso excessivo das risadas/gargalhadas forçadas de suas personagens, bem como o excesso de falsetes que tornam o desenvolvimento das cenas muito monótono e cansativo, justamente por não propiciar brilhos e cores às palavras em cenas longas e que merecem maior atenção e cuidado. Quando se usa a metalinguagem, o meta-teatro como fio condutor da encenação, não pode ser simplesmente uma citação da mesma, é necessário avançar neste tema e torná-lo mais evidente, como linha mestra da proposta cênica, assim o grupo ganhará muito com o uso deste exercício. Outra observação é também sobre o uso de quadros fixos, congelando a cena, para demarcar as alterações de tempo e espaço nas transições da narrativa, o uso em demasia fica como referência muito forte na encenação e às vezes causa certa confusão em seu fluxo narrativo, principalmente quando não acontece a localização/definição do tempo, de espaços e ambientes, permanecendo o mesmo quadro cênico fortemente evidenciado pelos móveis que compõem o cenário. Com essas observações só nos resta acrescentar os sinceros parabéns ao diretor professor Leodefane pela manutenção há cinco anos do grupo e a continuada produção de espetáculos, estendendo os reconhecimentos à Universidade Paranaense por oportunizar aos seus acadêmicos a possibilidade de discutir o humano e suas relações com o mundo através do Teatro.
Luiz Varini
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