sexta-feira, 17 de julho de 2009

O LIBERTINO, NO FICA!!!


II FICA – FESTIVAL INTERNACIONAL DE CASCAVEL
23º FESTIVAL DE TEATRO
ANÁLISE
PEÇA: O Libertino
GRUPO: Artefatos
CIDADE: Cascavel
TEXTO: Adaptação de Tide de Souza
DIREÇÃO: Tide de Souza


Propor uma encenação teatral requer além de conhecimento e dedicação muita habilidade para explorar a técnica em favor da obra, infelizmente o grupo Artefatos com a peça “O Libertino” peca por não dominar os conceitos próprios da linguagem teatral, que possui seus signos peculiares e difere em grandes proporções de outras linguagens, como o cinema e o vídeo (televisão), desta forma, o grupo cai na armadilha de tornar o texto arrastado, sem muitas possibilidades cênicas, tornando a montagem um tanto quanto linear, desde a disposição cênica dos atores e os planos necessários para se contar a história até a interpretação que não alcança a dramaticidade exigida e necessária para a condução do espetáculo. O elenco carece de conhecimentos técnicos para desempenhar tal função, porém isso pode ser adquirido com o tempo, com estudos, dedicação, participando de cursos, oficinas, palestras, workshops, não necessariamente sobre teatro, mas também de outras áreas artísticas e humanas, afinal o único ser na face da terra que faz arte e altera a sua cultura e conhecimentos é o humano. O artista e a obra de arte denotam a necessidade de comunicação, observando a sua relação com o outro e o mundo em diversas linguagens isoladas ou em trabalhos híbridos e para tanto existe a necessidade de aprofundamento nas propostas, indo além da superfície e do senso comum, afinal o artista é por essência um questionador do mundo que o cerca. Ainda quanto à interpretação dos atores temos que observar que existe uma distância considerada entre a palavra escrita e a palavra falada e essa lacuna somente pode ser diminuída com o uso da intencionalidade, afinal a palavra falada é, antes, o sentimento proposto e pensado, não necessariamente sentido, e isso o grupo precisa encontrar com os seus intérpretes, uma forma de aproximação e verdade em busca de um maior convencimento cênico. Em resumo, com maior conhecimento, prática, ensaios, experimentações, sabedoria de perceber o que funciona e o que não funciona em cena, qual a melhor forma de se contar teatralmente uma história, o grupo pode dar um grande salto de qualidade em seus futuros trabalhos.

Luiz Varini

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