AQUI FALAMOS, DIVULGAMOS, CRITICAMOS E OPINAMOS SOBRE A CULTURA LOCAL, REGIONAL E NACIONAL
terça-feira, 24 de novembro de 2009
PLINIO MARCOS - PARA OS ADORADORES DO POLÊMICO DRAMATURGO!!!
Plínio Marcos elege Etty Fraser como gordinha sexy do Carnaval; leia trecho
da Livraria da Folha
"Bendito Maldito - Uma Biografia de Plínio Marcos" chega às livrarias no ano em que se lembram os dez anos da morte do dramaturgo santista Plínio Marcos (1935-1999), autor de textos marcantes do teatro marginal como "Dois Perdidos numa Noite Suja" (1966) e "Navalha na Carne" (1967).
O livro foi escrito pelo paulista de Marília Oswaldo Mendes, 63, que atua no teatro e na imprensa de São Paulo desde 1969. Jornalista de 1969 a 1992, dirigiu o jornal "Última Hora" (SP), foi editor do suplemento Folhetim, trabalhou na redação da Folha e foi editor de Cultura da revista "Visão" e um dos fundadores da APCA (Associação Paulista de Críticos de Arte).
Leia trecho do livro.
*
Mandava a tradição que banda tivesse rainha. Como a de Ipanema era a estonteante e debochada Leila Diniz, por decreto e sem ressalvar Plínio "elegeu" a não menos estonteante e debochada Etty Fraser. A atriz estranhou ser a Rainha da Banda da Bandalha e quis tirar o seu avantajado corpo fora. Puro charme. Enquanto relutava em aceitar a honraria, Etty já definia a roupa para o desfile, com direito a exibir suas pernas em transparentes meias de renda, como as que usou na peça O rei da vela, no Teatro Oficina. Em crônica na Última Hora, Plínio explicou o que não pedia explicação:
Conheça os detalhes da trajetória do polêmico dramaturgo
"Etty Fraser é boa amiga de todas as pessoas. Não só dos meios artísticos como do povo em geral. Ela passa o ano todinho perdendo horas preciosas com quás-quás-quás e auê-auê com gente que ela nunca viu, mas que a breca na rua pra chorar as pitangas. E na casa dela o telefone não para nunca. São colegas que pedem socorro de uma boa palavra, de uma dica, de uma grana. E tem mais, meu lorde. Etty Fraser, a gordinha sexy, Rainha da Banda da Bandalha, está sempre alegre, bonita e bem amada. Não castiga a natureza com regimes absurdos. E por isso mesmo é a gorda mais satisfeita do planeta".
Deu-se então que, sob o reinado da gordinha sexy, a Banda da Bandalha saiu no dia 16 de fevereiro do Bar Redondo, em frente ao Teatro de Arena, desceu a Consolação, entrou na contramão na São Luís até a praça da República, dobrou a Ipiranga de voltta ao ponto de partida. No dia seguinte, a imprensa -leia-se Plínio Marcos- calculou em quatro mil o número de pessoas envolvidas na banda. Mais modesto, o jornalista Alessandro Porro se lembrava, muitos anso depois, de "um séquito de algo como trezentos foliões" e da repressão. "Quando chegamos à praça da República, fomos obrigados a voltar para as nossas casas, por imposição de um senhor de terno preto que nunca descobrimos se era o responsável por uma casa funerária ou um delegado do Dops, como ele dizia ser."
Quatro mil ou apenas trezentos, nada mal para uma cidade com a fama que Vinicius lhe pregou. Plínio Marcos nem se deu ao trabalho de reportar o acontecido aos desafetos cariocas, representados por Sérgio Cabral e Carlos Imperial, que testemunharam o desmentido ao túmulo do samba. Não se tem notícia de incidente grave nos dois anos seguintes em que a Bandalha saiu. A não ser episódios de ordem pessoal, como o reportado por Alessandro Porro, que teria sido chamado pelo dono da Editora Abril, onde trabalhava em alto cargo. "Acho que os nossos diretores deveriam evitar se exibir em manifestações carnavalescas. Especialmente ao lado de pessoas complicadas", disse o patrão, apontando uma foto no jornal em que Porro e Plínio apareciam "eufóricos e festivos".
*
"Bendito Maldito - Uma Biografia de Plínio Marcos"
Autor: Oswaldo Mendes
Editora: Leya
Páginas: 498
Quanto: R$ 44,90
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário